terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Bee.

Olá!!! Agora é o Bee quem vai escrever aqui!

 

Bem... como vocês já sabem eu sou gay. Mas, ai... minha vida sempre foi uó!!  Já caguei muito no maiô quando eu era uma bichinha baunilha. Já precisei agarrar no muco de muita gente e levei muito coió também.

 

Sempre soube que eu era... diferente, meu pai sempre foi muito rígido e  distante, nunca conversamos muito. Nunca falou comigo sobre sexo e sexualidade. A primera vez que descobri o que era ser gay foi quando era criança e, na escola, um menino da minha turma começou a me chamar de viadinho porque eu andava com as meninas.

 

Na adolescência eu não me sentia atraído pelas rachas, o que seria o “normal”. Eu tinha, assim como ainda tenho, muitas amigas. Mas as via apenas como amigas. Eu me sentia atraído pelos garotos. E me sentia estranho. Tentava gostar de racha e me forçava a ficar com elas. Mas não gostava, não me dava o prazer que eu tinha ao ficar junto dos bofes.

 

O que não quer dizer que todo bofe me excitava ou me excite. Nós, homossexuais, sentimos como os héteros. Um hétero não se sente atraído por todas as pessoas do sexo oposto. Assim somos nós, nos sentimos atraídos por algumas pessoas do mesmo sexo, não todas. O problema é que quando nós vamos falar com alguém do mesmo sexo, ou tocamos nessa pessoa, ela sente que estamos querendo algo sexual.

 

Eu demorei muito para me aceitar como gay, e só depois disso tive coragem de contar ao Exa e à Bi. Ambos sempre me deram muito apoio. A Bi por também sentir desejos por pessoas do mesmo sexo e o Exa por ser um ocó de verdade e bem resolvido com sua própria sexualidade. - Porque bofe homofóbico, pra mim, tem medo de dar e gostar-

Foram eles que me incentivaram a me assumir e a experimentar as coisas, realizar meus desejos, me aceitar e ser feliz. Pois enquanto não me aceitei não fui plenamente feliz.

 

Quando contei aos meus pais foi tudo muito horrível. Meu pai ficou em silêncio, seu olhar ficou frio. Eu estava desesperado para que ele dissesse algo e quando ele disse foi “prefiro um filho morto a ter um filho viado... enquanto você continuar com isso estará morto pra mim”. Minha mãe não sabia o que fazer... ela sempre quis ter um filho garanhão e eu, como único filho homem, nasci com o fardo de cumprir seus desejos. Ela sempre me pressionara a namorar as minhas amigas que freqüentavam nossa casa. Ela saiu e começou chorar....

 

Passei uma semana morando na casa da Bi e do Exa, até que meus pais me pediram para voltar e eu voltei, pensando que eles haviam refletido e estariam dispostos a tentar aceitar-me. Mas ao chegar em casa meu pai questionou me se eu mudara de idéia. Foi quando eu disse que era que gay não por vontade própria, não por que um dia acordei e disse “hoje vou virar gay. É uma vida fácil, sem preconceitos. Quero ser gay, hoje é um dia ótimo pra isso”. Falei que eu me sentia feliz e sentia prazer somente com homens. Eu mal terminei de falar e ele veio para cima de mim e me espancou. Minha mãe não fez nada senão chorar enquanto meu pai ficou horas me espancando e me ofendendo, dizendo-me que eu era uma aberração, que ele não me criara para tal coisa, que não era coisa de Deus – como se fosse coisa de Deus espancar um filho – e que eu estava dando o maior desgosto possível a eles.

 

O pior de tudo não foi apanhar, foi ouvir o que ele dizia. Depois disso nunca mais falei com ele, se vejo na rua faço a egípcia, não perdoei minha mãe por não ter feito nada. Mas ainda mantenho contato com ela, escondido. Uma vez ela me perguntou se o Exa e a Bi não se importavam de andar comigo, como se eu fosse um bicho de outro mundo. E quando eu estava namorando, as vezes, ela dizia que tinha visto o meu “colega” e eu dizia “namorado, mãe. Namorado” Minha irmã menor, meus tios e primos me apoiaram. Minha irmã menor até brinca comigo, quando vê um ator na TV me pergunta se eu acho bonito etc..

 

Além do meu pai, já apanhei muito na rua. De muitos homofóbicos. Aprendi a me virar sozinho, pratico artes marciais e consegui independência financeira. Minha vida sempre foi muito difícil, tomei muito no cu – em teoria, porque na pratica é uma delícia -. Mas sempre tive apoio dos meus amigos, graças a Deus, e de parte da minha família.

 

 

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